Você sabe o que significa humanização do parto?
Humanizar o parto é vc tomar as rédeas da situação, é você ocupar o espaço que lhe pertence no nascimento, no parir.
O médico ou a parteira são apenas coadjuvante, já que quem faz o parto é a mulher e não o médico.
Surpresa com isso?
Iniciaremos agora uma série de postagens neste blog acerca da humanização do parto.
Começaremos com uma reportagem do médico humanista DR Ricardo Jones (RIC JONES) acerca da humanização do parto.
Boa leitura e não deixem de comentar!
Moderação
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O QUE É HUMANIZAÇÃO DO PARTO
Existe um movimento no mundo inteiro no sentido de reforçar estas teses. Aqui no Brasil temos a Rede pela Humanização do Parto e Nascimento que é nossa principal ferramenta de aglutinação de profissionais de várias áreas interessados na modificação do atendimento à mulher no ciclo gravido-puerperal. Entretanto percebo que ainda não possuímos uma definição concreta e precisa do que entendemos por humanização, a ponto de um médico que me parece claramente um "intervencionista" tradicional auto-proclamar-se "humanista". Porque?
Na minha ótica, (e desde já pretendo colocar que se trata apenas de um viés absolutamente pessoal e que apenas pretende iniciar um debate sobre a questão) quando abordamos este assunto temos que compreendê-lo na sua origem, nas raízes, fugindo tanto quanto possível da pueril superficialidade que aparece aos nossos olhos. O equívoco que a mim parece evidente nas palavras do meu professor é que ele não tem conhecimento do que seja o projeto de humanização no seu sentido amplo e profundo.
Quando ele fala em humanizar está se referindo a tratar com mais gentileza e "humanidade" as pacientes nos Centros Obstétricos; refere-se a uma abordagem menos agressiva e mais racional do manejo das internações. Porém eu considero humanização do nascimento algo muito mais profundo do que isso. Vai além de fazer um centro obstétrico mais arejado, enfermeiras e atendentes sorridentes ou colocar vasos de flores nos quartos.
Humanização do Nascimento tem a ver com a posição em que a cliente/parturiente ocupa neste cenário. Neste sentido humanizar tem a ver com feminilizar. Enquanto o nascimento for manejado de forma masculina ele nunca será verdadeiramente humanizado. É inadmissível que um fenômeno tão intrinsecamente feminino seja gerenciado por pressupostos tão marcadamente masculinos! Se a paciente se mantém como objeto, como indivíduo passivo, como alguém sobre a qual recaem as forças cegas e desorganizadas da natureza, necessitando por isso um cuidado intensivo no sentido de salvá-la do seu destino cruel, então nem 1 milhão de flores, rosas, jasmins, cravos, orquídeas e nem milhares de sorrisos benevolentes tornarão este parto um parto humanizado.
O que torna um parto humanizado, ao contrário do manejo alienante que encontramos nas nossas maternidades, é o protagonismo conquistado por esta mulher. A posição de cócoras, a presença do marido/acompanhante, a diminuição de algumas intervenções sabidamente desnecessárias, o local do nascimento, etc. não são suficientes para tornar um nascimento "feminino e humanizado". É necessário muito mais do que isso.
Não existe humanização do nascimento com mulheres sem voz. É preciso que esta mulher, consciente da sua posição como figura central no processo, faça valer seus direitos, sua autonomia e seu valor. O que torna um obstetra (ou profissional do parto) humanista ou não, é a capacidade de estimular a participação, o envolvimento efetivo e a condução deste processo a quem de direito: a mãe. Sem estes requisitos de nada adiantam maternidades lindas, belas, arejadas, limpas, assépticas, com enfermeiras gentis e sorridentes.
Usando como exemplo a questão prisional, uma penitenciária não se torna humana simplesmente varrendo as celas e oferecendo roupas limpas aos detentos. Nem tampouco com carcereiros gentis e sorridentes. Ela se torna humana se a lei é bem aplicada, se não ocorre injustiça na aplicação das penas, se os presos tem os seus direitos respeitados.
Desta forma, muito mais importante que a humanização da forma, é necessário instituir a humanização dos conceitos. É fundamental construir uma visão nova, que resgate este protagonismo perdido pela tecnocracia dogmática e fechada do cientificismo religioso. Sem este delineamento do que concebemos por humanização ficaremos todos tratando por um mesmo termo conceitos completamente diversos.
Enfim, o projeto de humanização do Parto e Nascimento inicia-se por uma definição clara do que entendemos por "humanizar", para que a partir de conceitos firmes e sólidos possamos construir um modelo mais justo e adequado para as mulheres, sua família e seus filhos.
Dr. Ricardo Herbert Jones Médico Homeopata, Ginecologista e Obstetra, Porto Alegre, RS